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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Lava Jato a operação que implodiu a corrupção

Em quatro anos de Lava Jato, mais de 125 pessoas já foram condenadas a 1.317 anos de prisão. Com os 78 acordos de delação premiada, a Justiça desvendeu a maior ação contra uma quadrilha de políticos, que desviou quase R$ 40 bilhões dos cofres da Petrobras

 A Operação Lava Jato, que completou quatro anos em 2018, já levou para a cadeia três ex-tesoureiros do PT, dois ex-ministros de Lula (José Dirceu e Antonio Palocci) e os mais importantes empreiteiros do País, como Marcelo Odebrecht, e o ex presidente Lula.

Para chegar onde chegou, a Lava Jato realizou 38 grandes operações, que chamaram a atenção por seus nomes sugestivos, como Pixuleco, Xepa ou Juízo Final. O momento crucial, segundo o delegado Márcio Anselmo, da PF, foi a descoberta, em abril de 2014, de que o doleiro Alberto Youssef presenteou com uma Land Rover Evoque o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Até então, a operação limitava-se a investigar a ação de doleiros. Mas quando os policiais descobriram, no escritório de Youssef, papeis indicando que ele comprou a Land Rover para Costa, estabeleceu-se o elo com a roubalheira na Petrobras.

O SUCESSO DAS DELAÇÕES
Preso, Paulo Roberto Costa foi o primeiro delator. Ele entregou tudo. Que o PT, PP e PMDB ganhavam até 3% das obras da Petrobras em propinas. Em três anos de investigações, o Ministério Público Federal já entrou com ações pedindo o ressarcimento aos cofres da Petrobras de R$ 38,1 bilhões. O procurador da República, Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba, diz que a operação deu certo graças ao poder da lei de colaboração premiada. “Os réus acreditaram que seriam punidos e decidiram colaborar com a Justiça. Aí começou a bola de neve. A Lava Jato ensinou que a corrupção e a impunidade giram a máquina do sistema político a tal ponto que ele rejeitará mudanças que poderiam assegurar Justiça e diminuir desvios. Não estou afirmando que todo político é corrupto. Tal generalização seria injusta. O que estou dizendo é que o sistema político está apodrecendo e há uma espécie de círculo vicioso que dificulta reformas”, disse Dallagnol à ISTOÉ.

. A operação, contudo, quase morreu no ninho dois meses depois de ter começada, com a prisão de doleiros, diretores da Petrobras, políticos e empreiteiros. É que no dia 19 de maio de 2014, sem ter a exata noção do que ela significava, o ministro do STF, Teori Zavascki (morto em janeiro num acidente aéreo), determinou a soltura de todos os presos. Isso provocou a revolta de Moro, dos 11 procuradores da República no Paraná e dos delegados da PF. No dia seguinte, Teori voltou atrás e revogou a decisão. “Se o ministro não tivesse tido essa postura, a Lava Jato teria o destino de dezenas de outras operações que, quando não anuladas por interpretações no mínimo duvidosas da lei, descansam no berço esplendido dos gabinetes dos tribunais”, disse o delegado Márcio Anselmo. Depois dessa decisão equivocada, Teori entendeu melhor do que se tratava a operação e a partir daí virou o maior aliado de Moro, sustentando a Lava Jato no STF. “Sem o ministro Teori, a Lava Jato não teria acontecido”, reconheceu Moro quando o ministro morreu.

 

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