Educação em estado de calamidade publica no Pará
O cenário devastador assusta quem visita a maioria das escolas em Belém e Região Metropolitana |
A nova Diretoria do
Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp) tem feito uma
série de visitas às unidades da rede estadual e municipal de ensino para
verificar como sobrevive a educação em terras paraenses. O diagnóstico nada
animador revelou diversas anomalias: fechamento de escolas, turmas,
desvalorização salarial e uma gestão administrada pelo governador Simão Jatene
que massacra alunos e professores.
De acordo com a professora
Letícia Silva, secretária geral do Sintepp, um dos problemas mais graves é a
desvalorização da classe. “Vamos entrar no quarto ano sem reajuste de salário e
isso implica na motivação do servidor, endividamento e falta de perspectiva.
Isso paralisa todo processo educacional”, reclama. “Partindo deste ponto,
fizemos várias denúncias contra o governador Simão Jatene, exigindo reforma nas
escolas que sequer funcionam”, completa.
A partir do levantamento
feito, a entidade constatou que 80% das escolas estaduais do Pará precisam de
reforma com urgência. “Não tem organização do espaço, a estrutura é precária e
não existe um esforço para organizar, por exemplo, uma biblioteca decente. Em
várias escolas você observa salas com caixas de livros que poderiam ser usados
pelos alunos, mas mofam em um canto escuro”, lamenta a secretária geral.
O sucateamento dessas
unidades acaba gerando um estado de calamidade que prejudica os alunos. “A escola
São Pedro, no bairro do Paracuri, em Icoaraci, sofreu um incêndio terrível,
mesmo com denúncias feitas por nós aos órgãos competentes. Perdemos uma
biblioteca inteira. Em outras, caso da escola Souza Franco, enorme e
tradicional, o problema é o fechamento das turmas. Lá só tem aula de manhã”,
enumera.
A saída da Secretaria de
Estado de Educação (Seduc) para resolver os problemas foi adotar um sistema de
reformas emergenciais, que na prática é deficiente. “O Sintepp entende que
existe um boicote do governo. Jatene deveria ser processado por crime de
responsabilidade, devido à forma como trata a educação pública, e o candidato
dele (ao governo do Estado), o Márcio Miranda, enquanto legislador, também agiu
de forma desonesta com a classe”.
Estado fechou 53 unidades em três anos
A tese levantada pela
professora tem respaldo no próprio histórico de ações do governo. “De 2015 para
cá, nós contabilizamos o fechamento de 53 escolas”, argumenta. O processo de
sucateamento parece ocorrer de forma acelerada em Belém, responsável maior pela
educação infantil. “No município são 6.266 servidores e a grande proposta deles
para a educação é a terceirização”, lembra.
Segundo o Sintepp, Belém
tem hoje 134 unidades de ensino infantil, entre creches e escolas, mas a
Secretaria de Educação do Município (Semec) diz que são apenas 34. Das 134, o
Sintepp listou que 54 precisam de intervenções emergenciais, o dobro das 27
apresentadas pela Semec.
“A nossa maior luta é
contra esse sistema de governo que vigora no estado há quase 20 anos. O
governador Simão Jatene brinca com a educação e agora quer colocar um indicado
sem qualquer sensibilidade à causa. A Defensoria Pública ajuizou uma ação
contra o Estado e o Município, para garantir mais vagas nas escolas e creches
das cidades. O Estado está deixando de lado a educação básica e investindo
apenas no ensino médio. Por isso que fecham turmas de ensino básico, mas a rede
não suporta essa demanda e a educação continua engasgada”, desabafa.
A Semec informa que o
atendimento da educação básica, etapa de educação infantil e ensino fundamental
e a matrícula dos alunos, têm sido realizadas conforme a demanda de cada
distrito.
RESPOSTA
A Seduc esclarece que
assuntos relativos à questão salarial são encaminhados pela Secretaria de
Estado de Administração (Sead). No entanto, a Secretaria de Educação diz que
cumpre o pagamento em dia dos profissionais do setor educacional. O órgão
também informou que se encontra com 146 obras em andamento; mais 35 escolas em
manutenção corretiva; 18 processos em licitação e 19 em tramitação para futuras
licitações de obras.
Fonte/Foto: Luiz
Guilherme Ramos, Diário do Pará/Fernando Araújo
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